sábado, 9 de julho de 2022

Amores possíveis / O bom da vida

Acordar numa manhã qualquer, sentar no seu colo, roubar um gole do seu café. Sentir o café me esquentando o corpo e sua presença me aquecendo a alma enquanto eu desperto aos poucos, devagarzinho. Ouvir seu bom dia. Lhe desejar um bom dia. Conhecer seus tons de voz. Conversar abraçados na rede depois de um longo dia de trabalho ou apenas compartilhar um silêncio confortável, querido, acolhedor. Dançar sem música pela casa. E na chuva. Tomar banho de rio. E de mar. Sentir o sol aquecendo a pele. Ouvir, atenta, suas histórias. Lhe contar as minhas. Construir e relembrar memórias nossas. Lhe ver sorrir. Lhe fazer sorrir. Gargalhar juntos por uma bobagem qualquer. Sentar no chão para olhar as estrelas e dividir uma cerveja geladinha. Dormir juntinhos e pelados, faça calor ou faça frio (deixa comigo, que eu lhe incendeio, prometo). Deixar meu cheiro na sua cama e na sua camisa. Sentir saudades. Querer estar junto. Ter pra onde voltar. Lhe fazer um café (com pouco açúcar e muito amor). Aprender sua sobremesa preferida. Experimentar sua comida. Improvisar um jantar a dois no chão da sala. Sair pra passear no parque e admirar as plantas e os animais (e lhe ver descobrir que eu canto pra todo bicho e converso com toda árvore, desinibidamente). Ver crianças brincando na praça. Visitar feiras. Desbravar um bairro novo da cidade. Ter companhia para absolutamente tudo. Passar o dia sem fazer absolutamente nada. Sentir sua barba me arranhar e minha pele se arrepiar ao seu toque, suas mãos na minha cintura, sua pele na minha… (o resto fica só entre nós dois e eu lhe conto depois, baixinho, ao pé do ouvido). Lhe olhar nos olhos. Lhe beijar a boca. Fazer amor em qualquer canto da casa (ou no carro, no jardim…), a qualquer hora do dia, sempre que der vontade. Dividir o doce e o amargo dos dias, misturando sua vida na minha, do nosso modo, no nosso tempo. Me mostrar pra você sem medo (ou apesar dos medos) e lhe descobrir sem o peso das expectativas e a impaciência da pressa. Aprender (e acolher) seus jeitos, gostos, humores e defeitos. Lhe ensinar meus jeitos, gostos, humores e defeitos. Lhe entregar meu amor não como uma responsabilidade, mas como um voto de confiança, e dessa mesma forma receber o seu. Ser livre para poder ir e desfrutar da liberdade de ficar por vontade, enquanto fizer o bem, enquanto fizer sentido. Ter cor e som pra quebrar a monotonia do dia a dia. E bom humor, paciência e jogo de cintura pra encarar os perrengues da vida. Compartilhar sonhos e planos e abraçá-los como próprios. Desejar e construir um futuro em comum. Lhe dar paz, saúde e prazer (e dengo. Muito dengo e chamego). E encontrar paz, saúde e prazer também em você (além de muito dengo e chamego, claro). Ser sempre gentil e completamente honestos um com o outro. Acreditar em nós. Ser casa, descanso, aconchego. Ser e ter paz. 

A vida pode ser tão simples e boa. 


(Enquanto escrevo, sinto e penso, começa a tocar ”Estrela” e a Sandy confirma meu desejo: “Sim, Deus fará absurdos contanto que a vida seja assim…”. Que a vida seja assim e que Deus faça absurdos nela!)


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