quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Do lado de dentro

Eu estava pensando em você quando a campainha tocou. Era você. Trouxe a bebida, a companhia e o melhor abraço. Eu sorrio pra você e você me sorri de volta. A vida parece fácil agora. Calma, leve, tranquila. Vem, entra. Nos jogamos no sofá maior e ficamos ali, sentados, olhando apenas para o teto e pensando em como é bom estar ali agora. Você me olha e me sorri de novo. Eu te amo. Tomo mais um gole da minha bebida preferida e lhe beijo a bochecha. Você sorri e fecha os olhos. Eu sei, você sabe. As coisas estão lindas. Minha casa, minha família, meus amigos, meu emprego, você. Sua casa, sua família, seus amigos, seu emprego, eu. Nós. É maravilhoso. Você não para de me olhar e sorrir. É estranho, mas eu adoro isso. Vem cá, me beija de novo. E de novo. E de novo. E de novo. Não pare nunca de me beijar. Eu te amo. Está ficando tarde e nós estamos ficando com sono. Mas amanhã ainda é quarta e você não quer ir embora. Então, não vá. Fique. Fique, amor, e vamos beber mais um pouco e nos beijar até amanhecer. Não tem problema. Você sorri, me abraça e sussurra no meu ouvido que me ama. Eu sei, eu também te amo. Eu amo você, sua voz, seu jeito de sorrir, como você atende ao telefone, quando você me abraça e como nós nos conhecemos. Começou a chover agora. E eu adoro o barulhinho da chuva e você sabe disso e me convida para ver a cidade pela janela. Somos só eu, você e todo mundo, embalados pelo ritmo da chuva. Vem, vamos dormir. Você me abraça e eu adormeço no seu peito, enquanto você me olha e fala baixinho: "amor, fique pra sempre comigo". Eu fico. É claro que eu fico! Eu te amo.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Bobagens bonitas

Eu tenho ciúmes de você, amor. Eu tenho medo de perdê-lo. Eu vejo você - tão carismático, tão atencioso, tão divertido e, não bastasse, inteligente e bonito - sempre acompanhado por muitas pessoas, que lhe admiram e lhe seguem. E, para uma mulher, é fácil se apaixonar por um cara assim.

Todo mundo diz que o problema dos homens bonitos, inteligentes, gentis e divertidos é que eles nunca estão solteiros. Mas ninguém se dá conta da dificuldade maior que é ser a mulher desses homens. Viver com você é como viver num reality show. Tem sempre alguém nos observando, anotando nossos passos, nos contando por aí.

Certa vez, estávamos com uns poucos conhecidos e você se retirou por uns instantes para atender ao telefone. Nisso, uma desavisada, que não tomara conhecimento sobre nós, confessou-me que não havia como não se apaixonar por você e enumerou-me todas as suas qualidades. Ouvi tudo pacientemente e com um sorriso amarelo no rosto. Eu não tinha o direito de constrangê-la: também me apaixonei por você.

O que me aflige é a ameaça constante que esse seu riso largo me oferece. Porque ele será sempre pólen em flor grande e vistosa, objeto maior da cobiça e disputa de todos os pássaros. Mas não pare nunca de sorrir, amor.

Racionalmente, sei que tudo isso é uma grande bobagem e que não devo ter medo, pois foi a mim que você escolheu e é comigo que você está. Mas o amor é infiel e irracional. Ele lhe escolhe num segundo e, no seguinte, troca-lhe por o que parecer a ele mais belo - e o belo pode ser a inteligência, a beleza em si mesma ou qualquer pequeno detalhe do outro - nunca se ama alguém por inteiro.

(Você, amor, tem a beleza da inteligência, e da sensibilidade, e de todas as pequenas coisas que fazem um dia nublado mais feliz.)

Amar deveria ser fácil.

Entretanto, não obstante todas as dificuldades, espero que você continue sempre você e com esse riso largo estampado no rosto. Porque esse é o homem por quem eu me apaixonei. 


E que a minha beleza, seja ela qual for, lhe seja sempre a mais bela e preferida. E que o seu amor seja sempre meu.

Eu te amo.

sábado, 14 de março de 2009

De quando você foi embora

... era um vazio tão grande que eu andava pela casa e as coisas pareciam fora do contexto. Qual a função daquela cadeira ali se você não vai sentar? Qual o sentido em eu comprar esses biscoitos se você não vai comê-los? Eu nem gosto deles! Por que, quando você foi embora, não levou junto as suas coisas? Ontem mesmo, eu encontrei aquele livro que o Dudu lhe deu há dois anos e você achava que tinha perdido. É sempre assim agora. Eu abro o armário e tem lá uma camisa sua (aquela verde, que eu lhe trouxe de Paris); abro uma gaveta e encontro um cd seu; vou à cozinha e tropeço no seu sapato. Eu já não sei mais o que fazer. Essa casa parece mais sua que minha; há você em todos os lugares, seu cheiro em todos os lençois, sua saliva em todo o meu corpo. Mas você foi embora. Ponto. E eu estou aqui agora, sozinha, atormentada pelas suas coisas. Onde você está, meu querido? Está frio aí? Aqui, desde que você foi embora, tudo é inverno. Não aquele inverno bonito de quando chovia e a gente se trancava no quarto e assistia filme agarradinho. Não. É aquele inverno de quando a gente quis ir à praia, no verão passado, e choveu. É o inverno do impedimento. E, no meu caso, por mais contraditório que pareça, não há chuva, nem uma gotinha sequer. O que não diminue em nada a densidade das minhas nuvens e dos meus dias: suas coisas ainda estão aqui, feito sombras que me acompanham por todos os lugares, dia e noite, noite e dia. Mas você não está, meu amor. Não está.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O que Vanessa da Mata nos ensina...

"É preciso varrer outras lacunas que se esgueiram na perversão e na crueldade dos homens. Na violência que nos afunda, na corrupção que nos mata, na passividade que nos oprime e não nos desperta confundindo-se com pacificidade. É preciso não curvar a dignidade. Nesta confusão que fazemos entre orgânico e inorgânico, as árvores são a nossa maior ajuda. Deixe as flores e folhas perto de nós, sente-se junto de mim e eu lhe contarei outras histórias. Ouça o beijo da primavera, cada pétala, cada gesto dizendo um 'sim'." (Vanessa da Mata)

Perfeito.