domingo, 7 de dezembro de 2008

O que 2008 me ensinou...

Em primeiro lugar, que nós não somos senhores de nada. O livre-arbítrio é só historinha romântica. Estamos à deriva, as coisas nunca são como a gente escolhe - eu sei: todo mundo sabe disso; eu mesma sempre tive essa consciência. Mas é muito diferente quando isso é apenas uma realidade abstrata e, de repente, torna-se uma realidade fática, concreta. O jeito é deixar a vida correr, fluir. Invariavelmente, aliás, esse é o único jeito.

A segunda é que o mundo dá voltas. Muitas. E nessas voltas, alguns papéis podem se inverter. Eu me vi sendo presa na história em que fui o predador durante muito tempo. Disso, eu aprendi que devemos agir com o outro como se esse outro fosse nós mesmos; para quando os papéis se inverterem, o outro lado não nos ser tão ruim.

Aprendi também que a saudade revela sentimentos, intensifica-os. (Aqui vale a velha, porém verdadeira, máxima: a gente só sente saudades do que valeu à pena.)

Eu aprendi a criar laços.

Eu reaprendi a ter calma, a esperar.

Eu aprendi a chorar e ser forte, a dizer "eu amo você" sem nenhuma vergonha.

Eu aprendi a trabalhar e a dar o melhor de mim.

2008 me fez forte, alegre, decidida, sensível, esperançosa, paciente, guerreira, amiga.
2008 me fez viva.

E a você? O que 2008 lhe ensinou? O que ele fez de você?

Feliz Ano Novo, meus queridos. Que 2009 também venha com força!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Sobre eles

Ela afundou o corpo nele o mais que pôde, como se assim pudesse aprisionar um instante, como se assim pudesse aprisionar o amor. E ele, querendo as respostas que a vida não lhe entrega e que só uma mulher é capaz de abrigar dentro de si, puxou os seus quadris com a ânsia de escorregar para dentro dela e ali ficar. Só uma fêmea é capaz de dividir-se assim ao meio: a metade de baixo a sobrepor-se forte, desfalecendo as resistências do macho e a de cima a ampará-lo doce, beijando e acarinhando os medos de um filhote.

Rita Apoena

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

"É preciso você tentar, mas é preciso você tentar. Talvez alguma coisa muito nova possa lhe acontecer."

sábado, 20 de setembro de 2008

O Rio

"Ouve o barulho do rio, meu filho.
Deixe esse som te embalar.
As folhas que caem no rio, meu filho,
Terminam nas águas do mar.
Quando amanhã por acaso faltar
Uma alegria no seu coração,
Lembra do som dessas águas de lá,
Faz desse rio a sua oração.
Lembra, meu filho: passou. passará.
Essa certeza a ciência nos dá:
Que vai chover quando o sol se cansar,
Para que flores não faltem.
Para que flores não lhe faltem jamais."
(Marisa Monte)
.
Conheci essa música há algum tempo e não pude deixar de me emocionar. Cresci inundada pela presença constante do rio São Francisco. E mesmo agora, que não vivo tão próxima a ele quanto antes, é a memória dele que me inunda. Ficar apática à letra dessa música me é impossível. Por isso a escrevi aqui. Para você, meu filho. Para que você se acostume com ela, pois será com ela que eu irei lhe ninar. Essa será também sua primeira lição, filho. Aprenda-a, para que flores não lhe faltem. Quando você vier ao mundo, eu tenho fé, o São Francisco continuará lá. E não se preocupe, filho: eu lhe levarei lá. Promessa.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O que é simpatia

Simpatia - é o sentimento
Que nasce num só momento,
Sincero, no coração;
São dois olhares acesos
Bem juntos, unidos, presos
Numa mágica atração.
.
Simpatia - são dois galhos
Banhados de bons orvalhos
Nas mangueiras do jardim;
Bem longe às vezes nascidos,
Mas que se juntam crescidos
E que se abraçam por fim.
.
São duas almas bem gêmeas
Que riem no mesmo riso,
Que choram nos mesmos ais;
São vozes de dois amantes,
Duas liras semelhantes,
Ou dois poemas iguais.
.
Simpatia - meu anjinho,
É o canto do passarinho,
É o doce aroma da flor;
São nuvens dum céu d'Agôsto,
É o que m'inspira teu rosto...
- Simpatia - é - quase amor!

Indaiaçu - 1857.


Poema de Casimiro de Abreu.