segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Bom dia, amor

Sonhei contigo essa noite. Dizem que, se contar, não acontece, mas eu resolvi não ser supersticiosa e ter um pouquinho mais de fé. E o sonho era bom demais pra eu não compartilhá-lo contigo. Estávamos em férias, trancafiados num quarto. Ficamos assim o mês todo. O quarto era amplo, claro, iluminado, e tinha uma vista absurda pro mar de Maceió. Aliás, o único barulho que se ouvia era o das ondas batendo na areia. Pura calmaria. Era lá que fazíamos tudo: comer, ler, assistir, namorar. Passávamos os dias, confortáveis em nossos pijamas brancos, a perambular por aquele ambiente que era só e tão nosso. E eu nos vi lendo e debatendo nossas leituras, vendo os filmes que sempre quisemos, mas não tínhamos tempo ou oportunidade de vê-los, dividindo as amenidades da vida e interrompendo tudo pra fazer amor uma vez ou outra – paciente e deliciosamente, porque o tempo era só nosso. Não havia espaço pra infelicidade, chuva ou amargura. Todo dia era de sol e os sorrisos eram fartos e sinceros. A tudo dávamos graça. Quando acordei, sentindo o afago no peito, desejei isso pra gente. E, se não der pra ser assim, que pelo menos a gente fique com esse sonho bonito, com essa coisa gostosa que é dividir a vida mesmo quando nem tudo é claro e brilhante como no meu sonho. E que, mesmo aqui, no mundo real, a tudo demos graça.

domingo, 4 de novembro de 2012

Deixa que o olhar...


Deixa que o olhar do mundo enfim devasse
Teu grande amor que é teu maior segredo!
Que terias perdido, se, mais cedo,
Todo o afeto que sentes, se mostrasse?

Basta de enganos! Mostra-me sem medo
Aos homens, afrontando-os face a face:
Quero que os homens todos, quando eu passe,
Invejosos, apontem-me com o dedo.

Olha: não posso mais! Ando tão cheio
Desse amor, que minh`alma se consome
De te exaltar aos olhos do universo.

Ouço em tudo teu nome, em tudo o leio:
E, fatigado de calar teu nome,
Quase o revelo no final de um verso.

(Alphonsus de Guimarães)