quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Uma saudade que já quer apertar o peito. Assim, "doídinha"


Quis ser direta lhe dizendo isso.
Quis que dizer não doesse.
Achei que, sendo direta, não doeria.

Foi um até logo.
Um tantinho mais longo, mas só um até logo.
2012 já tá batendo a porta. A gente agüenta.
Daqui a um mês nos vemos de novo.
A saudade nem terá tempo pra começar a doer. Fininha.
A gente agüenta.

Mas, aí, quando eu tava sendo direta e correndo,
Quando eu tava sendo direta e fugindo,
Quando eu tava sendo direta, e correndo, e fugindo, e não sentindo a dor,
Você me diz: Vem cá, me dá um beijo.

Quis ser mais rápida ainda.
E sair correndo mais rápido ainda.
E não sentir a dor
Fininha
Já apertando o peito.

E eu fui rápida, e corri, e quase não senti a dor.

Quase.

Porque você me disse que a gente só ia se ver no próximo ano agora.
E “próximo ano” é muito tempo.

Faz como eu, diz “daqui a uns dias”.
É menos tempo.
É mais rápido.
É menos dor.

Aí, você me disse que a gente não ia perder o contato.
Eu sei que não, benzinho.

Mas queria perder, sabe.
Só um pouquinho.
Queria que um mês não parecesse tanto tempo.

Não precisava dizer isso.
A gente sabe.
É só um mês, uns dias.
Não vamos precisar nem manter contato.

Mas a gente só vai se ver no próximo ano.
E dizer que não vamos perder o contato faz parecer mais longe ainda.
Faz doer mais um tantinho.
É quase um pedido de desculpa.
Uma justificativa, desnecessária, por viver a vida.

Não precisa se desculpar por morar longe e ter família.
Eu também moro longe e tenho família.
Não é só você que está indo vê-los.
Eu também tô.
Me desculpe por morar longe e ter família.

Próximo ano é tanto tempo, né?

E você quis prolongar mais um tiquinho nossos últimos segundos juntos neste ano.
Agora foi a vez de um: Vem cá, me dá um abraço.

E você me abraçou forte, daquele jeito.
E eu amoleci.
Deixei doer.

Não faz assim, amor.
Me dá só um tchau e finge que vamos nos ver no café de amanhã, não em 2012.
Me dá só um tchau e finge que vamos correr na praia hoje à noite.

E não fica me olhando ir embora com essa cara, poxa.
Já disse: parte meu coração. Dói mais um pouquinho.
Já começa a apertar o peito.

Por que um mês não é só uns dias quando a gente gosta de alguém?
Por que um mês não é só um mês, mas um ano, Deus?
E por que ficamos tão dramáticos quando estamos assim, “doídinhos”, "tudo-inho"?

É só um mês, amor.
A gente agüenta.

“Doídinhos”, mas agüenta.