terça-feira, 13 de abril de 2010

As meias

Naquela noite, eu bati na porta da sua casa às 3 da madrugada toda molhada da chuva, toda descabelada, desesperada, aos prantos. Você segurou a minha mão e me puxou para dentro, sem nenhuma palavra, nem mesmo um "tá tudo bem". Então você tirou minha roupa molhada e enxugou o meu corpo, me preparou um chá e sentou comigo na cozinha por duas horas, enquanto eu chorava e, entre uma lágrima e outra, um suspiro e outro, tomava um gole do chá. Quando eu finalmente terminei, você me levou pro quarto e me calçou nos pés uma meia, para que eu me sentisse minimamente confortável e dormisse. Eu nunca lhe disse que dormia de meia quando alguma coisa me incomodava, mas você sabia. Quando eu acordei, você já tinha ido trabalhar, mas deixara tudo arrumado para o caso de eu querer ficar mais um pouco. Nós nunca falamos sobre isso, você nunca me perguntou o que tinha acontecido, mas... Obrigada. Era isso o que eu queria dizer: obrigada. Desculpa a bagunça, desculpa a confusão, desculpa ter molhado o seu sofá. Aquela noite foi realmente muito ruim e eu queria lhe agradecer por ter estado lá por mim, por ter me vestido aquelas meias, elas foram mesmo muito reconfortantes. Aquela noite me tirou algo realmente grande, mas me recompensou com algo ainda maior. Eu enxerguei. Obrigada. Obrigada, amor, obrigada. 

Um comentário:

Ayza disse...

Se não tivesse o nome "amor" eu já iria dizer "por nada".